Viver com desconfiança é a pior fase da pós traição. É um sentimento maior que a vontade de perdoar e seguir em frente. Descobri que tenho dependência emocional pelo meu esposo. Temos um casamento de 30 anos. Estamos sentindo essa dor juntos , Cris me ajuda!! Um dia acordamos para a realidade… Resultado da bolha de ilusão em que vivemos. Nunca mais será igual, até porque nenhum dia deveria ser considerado igual. Somos convidados a fazer diferente todos os dias. Mas não fazemos. Nós temos a impressão de que teremos tempo para fazer amanhã e nos dias que virão pela frente. Acordamos nessa realidade nua e crua, temos algumas opções, depender de alguém para nos tirar do buraco fundo, sairmos sozinhos desta ainda que dilacerados. Durante uma das sessões de atendimento, Bruna desabafou: – Cris, eu não sou mais a mesma. Meu marido reclama que tenho recaídas. Às vezes estamos tão bem, mas vira e mexe me lembro de tudo o que aconteceu e me sinto fraca. Tenho momentos de altos e baixos. Diógenes, o marido, disse que é difícil lidar com isso. Já pensou em desistir e cuidar da própria vida. De fato, a fase pós traição é desanimadora. Daqui para frente, o casal terá que lidar com as consequências da perda da confiança, admiração e diminuição da estima. Agir como se nada tivesse acontecido seria o mesmo que ter pernas amputadas e achar que a vida com duas próteses seria a mesma. Não será… Porém, se os dois estiverem dispostos a amadurecer e transcender, poderá ser melhor. Essa nova condição é coletiva e não única. Todos os envolvidos deverão estar dispostos a encarar os fatos ocorridos como falhas a serem superadas e corrigidas. Quando há julgamento, nos colocamos em uma posição superior, inferiorizando aquele que errou. Consequentemente, quem errou não terá motivação para escalar os degraus da redenção rumo à absolvição. Vejo muitas famílias criarem grupinhos à parte para comentar sobre as falhas do infrator… Deixam de reforçar o elo que colabora para as mudanças que serão positivas para o todo. Minha recomendação é que se a escolha for continuar, não desistir do casamento, deverão criar um novo elo de conexão. Afinal, aquele elo estava frouxo e não foi suficiente para evitar o dano. Cada membro da família, pode errar ou acertar. Porém, todos devem se unir para socorrer e motivá-lo a ser melhor. Fará parte da nova condição: A conscientização de que qualquer escolha pessoal poderá impactar no bem estar de todos; O mal estar de um membro da família não deve ser subestimado e sim ser levado a sério por todos. Cada qual terá o seu papel , tanto na compreensão quanto na força tarefa cooperativa; Ninguém desiste quando ama, esforcem-se para tolerar os incômodos que virão pela frente; Sejam otimistas, acreditem. Vai passar e tudo será melhor que antes; Permitam-se ter momentos de distração, apesar da mágoa; Permitam-se sorrir e brincar, apesar da decepção; A resistência ou a dificuldade para perdoar, deixaria de ter sentido e daria margem a uma nova conotação: de compreensão a desengano. Neste caso, o infrator desenganado e a relação familiar fadada ao fracasso. Somos todos um, isso é ser família!